O Brasil continua no Mapa da Fome, conforme aponta o relatório “O Estado da Segurança Alimentar e da Nutrição no Mundo (SOFI, na sigla em inglês) das Nações Unidas”, divulgado nesta quarta-feira (24). Segundo o levantamento, que considera dados do triênio de 2021 a 2023, há 8,4 milhões de pessoas subnutridas no Brasil.
O número representa 3,9% da população brasileira. Para estar fora do Mapa da Fome, o percentual precisa ser menor do que 2,5% da população. O Brasil deixou de estar entre os países abaixo do nível mínimo de fome e desnutrição a partir do triênio de 2019 a 2021. Nesses anos, o percentual de subnutrição no país era de 4,1% da população – equivalente a 8,6 milhões de pessoas. Na época, houve um agravamento da fome no Brasil por conta da pandemia de covid-19, entre 2020 e 2022.
Antes, o Brasil havia deixado o Mapa da Fome em 2014, quando chegou a um patamar menor de 2%, cerca de 3,4 milhões de pessoas. Para comparação, o relatório da ONU dá como base o triênio de 2004 e 2006, quando o Brasil tinha 6,2% da sua população subnutrida, isto é, 11,7 milhões de pessoas.
O documento anual, elaborado por cinco agências especializadas das Nações Unidas, foi lançado no Rio de Janeiro, no contexto da reunião ministerial do G20, grupo de 19 países e União Europeia e Africana, que marca o pré-lançamento da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza. É a primeira vez que o relatório é lançado fora dos escritórios da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), em Roma, na Itália, e em Nova York, Estados Unidos.
O relatório atual indica ainda que há cerca de 6,6% da população brasileira vivendo em insegurança alimentar severa. Isso significa que 14,3 milhões de brasileiros não sabem quando vão fazer a próxima refeição.
No mundo, 1 a cada 11 passam fome
Os números indicam que cerca de 733 milhões de pessoas passaram fome em 2023, o equivalente a uma em cada 11 pessoas no mundo e uma a cada cinco na África. Segundo as Nações Unidas, os níveis globais retrocederam 15 anos, com níveis de desnutrição comparáveis aos de 2008-2009.
Se as tendências atuais continuarem, cerca de 582 milhões de pessoas estarão cronicamente subnutridas em 2030, metade delas na África, alertam as agências das Nações Unidas. A entidade destaca que a projeção se aproxima muito dos níveis registrados em 2015, quando os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) foram adotados.
A ONU aponta uma combinação de fatores para o aumento da insegurança alimentar e a má nutrição global, como a inflação do preço dos alimentos, os conflitos geopolíticos, as mudanças climáticas e as desacelerações econômicas.
“Esses problemas, juntamente com fatores subjacentes como dietas saudáveis ??inacessíveis, ambientes alimentares insalubres e desigualdade persistente, agora estão coincidindo simultaneamente, amplificando seus efeitos individuais”, diz trecho da divulgação que acompanha o relatório.
As tendências regionais variam significativamente. A porcentagem da população que passa fome está aumentando na África (20,4%), melhorou na América Latina (6,2%) e permaneceu estável na Ásia (8,1%), embora a região abrigue mais da metade das pessoas que passam fome no mundo todo
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