A reprovação a Jair Bolsonaro (sem partido) subiu e atingiu 51%, o maior
índice nos 13 levantamentos feitos pelo Datafolha desde que o
presidente assumiu o governo, em 2019. A pesquisa foi feita
presencialmente nos dias 7 e 8 de julho com 2.074 pessoas acima de 16
anos em 146 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais,
para mais ou menos.
Na rodada anterior, realizada em 11 e 12 de maio, Bolsonaro tinha seu
governo avaliado como ruim e péssimo por 45% dos ouvidos. O crescimento
ocorreu sobre segmentos que viam o presidente como regular, em um
período marcado fortemente por denúncias de corrupção no Ministério da
Saúde na pandemia, a atuação da CPI da Covid e os três primeiros dias
nacionais de protestos contra Bolsonaro.
Já a avaliação positiva do presidente, que havia atingido seu pior nível
com 24% em março, seguiu estável. Nesse sentido, o derretimento agudo
da popularidade do mandatário estancou nesse levantamento, o que não
deixa de ser uma boa notícia para o Planalto em meio ao festival de
intempéries
Os que o consideram regular caíram de 30% para 24%, comparando com o
levantamento de maio. Bolsonaro segue sendo o presidente com a segunda
pior avaliação a esta altura de um primeiro mandato para o qual foi
eleito desde a volta dos pleitos diretos para presidente, em 1989.
Só perde para Fernando Collor, que em meados de 1992 já enfrentava a
tempestade do impeachment que o levou à renúncia no fim daquele ano. O
hoje senador tinha 68% de ruim/péssimo, 21% de regular e apenas 9% de
ótimo/bom.
Outros presidentes tiveram avaliações piores, como José Sarney e Michel
Temer, mas eles não se encaixam no critério de comparação por não terem
sido eleitos de forma direta como cabeça de chapa a um primeiro mandato.
O mau desempenho do presidente, em que pese a estabilidade de seu piso
em comparação a maio, vem numa constante desde a pesquisa de dezembro de
2020, quando seu ótimo/bom havia chegado ao recordista 37%.
De lá para cá, foi ladeira abaixo. O agravamento da crise política desde
que uma testemunha citou que o líder do governo na Câmara, Ricardo
Barros, comandava um esquema de corrupção com conhecimento do
presidente, tem tido efeitos imediatos no humor palaciano –foi aberto
inquérito no Supremo Tribunal Federal para apurar se Bolsonaro
prevaricou.
A turbulência teve novos capítulos, como a afirmação feita ao jornal
Folha de S.Paulo que um funcionário da Saúde quis cobrar propina numa
nebulosa transação com imunizantes inexistentes. Ela chegou novamente às
Forças Armadas, criticadas na CPI pelo envolvimento de membros da
reserva da corporação nas denúncias de irregularidades. O presidente,
por sua vez, refez ameaças à ordem democrática.
Temperando o caldo, houve o superpedido de impeachment de Bolsonaro,
tentando juntar todas as acusações contra o presidente, apesar da
resistência do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de analisá-lo.
A erosão na popularidade presidencial é homogênea entre os diversos
grupos socioeconômicos, com exceção de um recuo na reprovação entre mais
ricos (seis pontos entre quem ganha de 5 a 10 salários mínimos e cinco,
entre os que ganham mais de 10 salários).
É no grupo econômico mais populoso da amostra, dos que ganham até 2
salários, que a situação foi pior para o presidente. Entre eles, que
compõem 57% da população, Bolsonaro viu sua reprovação acelerar de 45%
para 54%. Acompanhando a toada vieram aqueles que moram no Nordeste,
região mais carente que concentra 26% da população, que passaram de 51%
para 60% na avaliação ruim ou péssima.
Bolsonaro segue sendo avaliado negativamente por mulheres (56%), jovens
de 16 a 24 anos (56%), pessoas com ensino superior (58%) e os mais ricos
(58%), apesar do recuo indicado. Já seu desempenho é visto como mais
positivo por quem tem mais de 60 anos (32% de ótimo ou bom), mais ricos
(32%) e entre quem ganha entre 5 e 10 mínimos (34%).
Regionalmente, sua melhor avaliação segue nos bastiões que o acompanham,
com variações, desde a campanha eleitoral de 2018. No
Norte/Centro-Oeste (15% da amostra), Bolsonaro é visto com um presidente
ótimo ou bom por 34%. No Sul (15% da amostra), por 30%.
Na mão inversa, seu pior desempenho é no Nordeste (60%), região na qual
ele havia logrado uma melhora expressiva de avaliação no ano passado com
a primeira fornada do auxílio emergencial para os afetados pela
pandemia.
Aparentemente, a nova e mais magra versão da ajuda deste ano, renovada
pelo governo nesta semana, não surtiu efeito. Empresários seguem sendo o
único grupo (de apenas 2% da amostra) em que Bolsonaro goza de apoio
maior do que reprovação: 49% o consideram ótimo ou bom.
O presidente mantém seu apoio com melhores índices entre os evangélicos,
segmento ao qual é fortemente associados: nesta semana, ele anunciou
que irá indicar o "terrivelmente evangélico" advogado-geral da União
André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal, por exemplo.
Sua reprovação cai para 34% entre eles, e a aprovação sobe a 37%.
Evangélicos somam 24% da amostra do Datafolha. O instituto buscou saber a
opinião de pessoas por sua orientação sexual. Como Bolsonaro é
historicamente conhecido por suas declarações homofóbicas, é pouca
surpresa que seja reprovado por 72% dos homossexuais e bissexuais (8% da
amostra, dividida igualmente entre os dois grupos). Quando o quesito é
racial, Bolsonaro atinge sua maior reprovação entre pretos (57%), com
certa homogeneidade entre os demais grupos (brancos, pardos e amarelos)
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