Delegados da Polícia Federal afirmaram que o presidente Jair Bolsonaro (PL) faz uso da corporação “como ferramenta publicitária e de marketing político”. A posição foi declarada nesta quinta-feira (21). Na última terça (19), a categoria aprovou uma série de medidas na mobilização por um reajuste salarial maior do que o linear de 5% considerado pelo governo e classificado como "frustrante" pela classe.

“Caso o presidente da República, Jair Bolsonaro, descumpra o compromisso público assumido por ele diversas vezes, os policiais da União não se manterão inertes diante do uso da valorização da segurança pública e da excelente imagem da Polícia Federal como ferramenta publicitária e de marketing político”, declarou a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF).

O compromisso citado é de reajuste a categorias policiais acima da inflação. Para isso, foi reservado R$ 1,7 bilhão no Orçamento de 2022. Mas, após a mobilização de outras categorias do funcionalismo público que não teriam aumento, o governo colocou em debate a proposta de reajuste linear de 5%.

A classe ameaça paralisar as atividades caso o governo não atenda às demandas. A paralisação é intencionada, mas deve ser confirmada em assembleia-geral da categoria marcada para 2 de maio. O prazo é, também, o limite colocado pelos delegados da PF para que o governo assine Medida Provisória de reestruturação das carreiras policiais federais.

Entre as outras medidas de mobilização aprovadas pela ADPF, estão a recomendação para que delegados não realizem viagens em missão sem o pagamento prévio de diárias e que deslocamentos com distância superior a 400 km sejam feitos sempre por via aérea.

Há também a previsão de adoação de operação-padrão, com redução de produtividade nas atividades administrativas de fiscalização realizadas pela PF em conjunto com os demais cargos.

A categoria deu o aval para o envio de um ofício ao diretor-geral da PF Márcio Nunes de Oliveira para que, em 30 dias, ele estabeleça critérios para compensação ou remuneração do sobreaviso da classe.

Também foi acordado que em os policiais vão expor em adesivos e faixas a desvalorização da categoria e o descumprimento do acordo do governo em todos os eventos oficiais da PF possíveis, assim como a cobrança massiva do reajuste e da reestruturação das carreiras nas redes governamentais e pessoais da Presidência da República.

Ainda por meios virtuais, os delegados planejam intensificar a exibição de vídeos de Bolsonaro afirmando o aumento salarial aos policiais.

A classe planeja, ainda, marcar reuniões com presidenciáveis para apontar a situação. A ideia é apresentar “a necessidade de mandato para diretor-geral da Polícia Federal com lista tríplice, sobreaviso remunerado, aumento dos valores das diárias, plano de saúde, estruturação de apoio psicológico e a reestruturação das carreiras policiais federais”.

(Foto: Marcos Corrêa/PR)

Fonte: g1 CE