Um mergulho no passado em municípios do Nordeste das décadas de 1930 e 1940. Esse é o sentimento de quem entra na cidade do forró, na Fazenda Tome Xote, do cantor e compositor Dorgival Dantas. Há três anos, o espaço celebra o início do São João com o evento "Derradeiro de Maio"
Para atrair o público da terra natal e de cidades vizinhas, o cantor convidou três medalhões do forró: Waldonys, Eliane e Flávio José. Em conversa nos bastidores do evento, o trio falou da amizade e do carinho pelo amigo forrozeiro
"Isso aqui é um sonho idealizado por ele, e todos os aplausos são poucos ainda para o que ele merece pela sua força, sabe? Porque, quando muitos não acreditaram, quando muitos falaram que era loucura... mas tá aí. Ele insistiu, persistiu, acreditou, e o 'Derradeiro de Maio' já é um grande, grande sucesso. Eu não preciso falar nada, as imagens mostram, falam por si. [Está] Lotado, gente do Brasil inteiro. Diga-se de passagem, é um lugar que não é perto, tá? Das grandes, dos grandes polos, mas todo mundo veio", falou Waldonys sobre o evento
Além de muito forró, quem curtiu o "Derradeiro de Maio" desfrutou de uma viagem no tempo pelo cenário da cidade cenográfica criada por Dorgival Dantas. Bodega, igreja, banco, escola, roda gigante, cabaré e até uma prefeitura remontam a antigas cidades de interior do Nordeste.
Mas o grande destaque foi o público que dançou coladinho, cantou e se emocionou ao encontro dos ídolos do forró
Em entrevista nos bastidores da festa, Dorgival Dantas falou do sonho realizado de construir a cidade do forró na terra natal. "Aqui você vai entrar como se fosse no Auto da Compadecida, do grande e maravilhoso Ariano [Suassuna]. É como se você conversasse com Patativa do Assaré. Um Sertão dos anos 1930, 1940, esticando ali, no máximo, até os 1980"
No bate-papo, o potiguar ainda aproveitou o espaço para pedir um olhar mais atencioso do poder público para os músicos do Nordeste. "Qualquer músico, qualquer artista, após tocar e envelhecer, agradeceria por uma aposentadoria, sim, para ajudar na feira e tudo mais"
Para a próxima edição, Dorgival Dantas revelou que quer ampliar as atividades na cidade do forró com dinâmicas, concursos e até casamentos comunitários. "Tanta coisa que eu tenho vontade... Quero fazer o concurso da maior mentira e um concurso de sanfoneiros. Uma das coisas que eu quero, espero que no próximo, Deus me ajude e quem tá me ouvindo me dê dicas, é ter um circo constante. Não é grande, pequenininho, para ocasionalmente ter um palhaço aí fazendo a gente sorrir",
A ideia é que, nos próximos anos, o público possa se hospedar nas casas típicas do interior que existem no local. Uma curiosidade é que atrás do palco — que leva o nome dos pais do sanfoneiro Dorgival Dantas — existem hospedagens transformadas nos eventos em camarins dos artistas convidados
Ao ser questionado sobre a importância do público cearense na carreira, o sanfoneiro falou do carinho pelo Estado e pela Capital e convidou os fãs a se fazerem presentes nas próximas edições da festa. "Fortaleza, você foi uma mãe, Ceará foi um pai. Então, todo cearense é meu irmão".
A cidade do forró de Dorgival Dantas ainda não é aberta semanalmente. Ele sempre divulga eventos e outros momentos do ano em que recebe público no local. Segundo empresários que trabalham com o forrozeiro, uma programação fixa ainda é estudada para receber visitas no local
Por Diário do Nordeste