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O forró pede socorro no São João de Caruaru, de Campina Grande e de toda região Nordeste

Publicada em 24/06/2023 às 14:45h - 17 visualizações Blog do Magno

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O forró pede socorro no São João de Caruaru, de Campina Grande e de toda região Nordeste

O mês de junho é marcado por grandes e animadas festas tradicionais, folclóricas e culturais, na região Nordeste do Brasil. São as festas de São João ou festas juninas, que por muitos anos vêm sendo animadas ao som do forró, ritmo que se notabilizou em nossa região e daqui se espalhou pelo Brasil e pelo mundo.

 

Caruaru, cidade que detém, com honras e glórias, o título de “Capital do Forró”, conforme faz referência direta a canção: “Capital do Forró”, composta por Jorge de Altinho, cantor e compositor, e imortalizada na voz do baiano da cidade de Entre Rios, Lindú, músico instrumentista, sanfoneiro e vocalista da inesquecível banda de forró, Trio Nordestino, vem sendo bombardeada, a cada mês de junho, ao longo dos anos, por toda sorte de ritmos musicais, enquanto o forró vem sendo deixado de lado ou relegado a espaços assessórios na nossa festa maior.

 

Não sou, de nenhum modo, contrário a que grandes nomes, grandes artistas da música nacional participem das festas de São João em nossa cidade e por todo Nordeste. Mas não dá pra concordar que em nossa tradicional festa de forró, esse ritmo seja relegado a segundo plano, ou simplesmente ignorado nos principais palcos dos nossos eventos!

 

Caruaru, em Pernambuco, e Campina Grande, na Paraíba, sempre travaram uma saudável e belíssima disputa pelo título de “maior e melhor São João do Mundo”. Essa disputa, inclusive, contribuiu para que os dois municípios buscassem melhorar, ano após ano, seus festejos juninos. Assim, faz décadas que temos visto acontecer no mês de junho as melhores festas de forró (festas juninas) do Brasil, nessas duas cidades do Nordeste brasileiro, sem desmerecer, lógico, as demais cidades da região, onde também tem se realizado belíssimas e grandiosas festas juninas.

 

Mas, voltando ao assunto que deu ensejo a esse texto, o forró de fato está pedindo socorro nos festejos juninos do Nordeste e, principalmente, em Caruaru e Campina Grande. Artistas regionais, cantores e cantoras de forró, estão sendo colocados à margem da festa que deveria ser do forró, tanto em Caruaru, quanto em Campina Grande e no Nordeste, de uma forma geral, já que essa triste realidade não se resume aos dois importantes municípios citados, mas também às demais cidades da região que realizam festas juninas. Em todas elas o forró está à míngua!

 

Um lamentável episódio ocorrido em Campina Grande, serve como exemplo do que estamos afirmando. O artista paraibano, Flávio José, cantor, compositor e sanfoneiro dos bons, conhecido em toda região Nordeste por sua qualidade artística, passou pela humilhante situação de ter que reduzir o tamanho de sua apresentação, no palco principal do São João da cidade paraibana, na noite da sexta-feira, dia dois de junho. Na ocasião, a prefeitura alegou que ele precisaria diminuir o tempo da sua apresentação para que a outra parte fosse repassada para a “principal atração daquela noite”, que era o cantor sertanejo Gusttavo Lima.

 

Nada contra a música sertaneja, nem seus artistas. Aliás, nada contra nenhum dos ritmos musicais, sejam eles brasileiros ou de qualquer outra região do mundo. O que nos causa espanto e indignação é vermos, numa tradicional festa junina nordestina, um grande artista do forró ser preterido, humilhado, desconsiderado e ter que reduzir a sua apresentação para que um cantor de música sertaneja aumente seu tempo de show. Isso ocorrer no São João, que é uma festa de forró, revela a lamentável e triste realidade pela qual passam nossos artistas regionais, artistas do forró!

 

Sobre o ocorrido, o cantor Flávio José deu a seguinte declaração: “infelizmente é isso que os artistas da música nordestina sofrem. Nos dizem ‘não precisa cantar uma hora e meia não. Uma hora tá bom’. É cruel, pois só acontece com a gente mesmo!”

 

Isso que aconteceu em Campina Grande, com Flávio José, não foi um caso isolado, muito pelo contrário, vem ocorrendo em todo Nordeste, onde ainda são realizadas as melhores e maiores festas juninas do Brasil.

 

Aqui em Caruaru, a “Capital do Forró”, lugar onde se realiza o “maior e melhor São João do Mundo”, ao tempo em que se deu ares de grandiosidade aos festejos juninos, com grandes produções e uma infraestrutura de causar inveja aos principais eventos da música no Brasil, e até no mundo, também temos cometido o equívoco de relegar nosso forró a segundo plano. A grade de programação oficial do São João de Caruaru, no principal palco do evento, localizado no “Pátio de Eventos Luiz Lua Gonzaga”, simplesmente ignorou os artistas do forró, dando prioridade, e até exclusividade, a artistas de renome nacional que cantam outros ritmos diversos do forró.

 

Estão deixando de fora do palco principal de Caruaru, exatamente os artistas, cantores e cantoras do forró! Esse ano não teremos o privilégio de ver se apresentar artistas de porte como Jorge de Altinho, Petrúcio Amorim, Alcymar Monteiro, Flávio José, Geraldinho Lins e tantos outros que ao longo de suas carreiras têm levado o legado do forró nordestino para todo Brasil e até mesmo para o mundo!

 

Felizmente ainda tivemos o privilégio de contar, esse ano, com a participação da cantora Elba Ramalho, na abertura do São João de Caruaru. Ela, que tem levado nossa cultura e nossos ritmos musicais para todo Brasil, ainda é das poucas que resistem ao verdadeiro boicote pelo qual passam nossos artistas e nosso forró, na festa que deveria ser deles!

 

Não estamos com isso propondo a proibição ou o boicote a nada e ninguém. Nossas festas juninas são grandiosas, e, como tal, nelas há lugar para todos os ritmos e artistas. 

 

Lembro-me bem de um diálogo que tive o privilégio de travar, em meados dos anos 80, com o meu pai, o mestre Reginaldo Pietro, artista, cantor, compositor e sanfoneiro dos bons, que nos deixou em 31 de maio de 2016, mas que, felizmente, teve seu reconhecimento ainda em vida, como homenageado oficial no São João de Caruaru, em 2014. Reginaldo Pietro dedicou mais de 50 anos de sua existência à prática e divulgação da nossa música regional.

 

Pois bem, em meados dos anos 80, quando nosso São João começava a fazer sua transição das festas comunitárias para a grande festa comercial que temos hoje, quando deixou de ser uma comemoração descentralizada, realizada nos bairros e comunidades da zona rural de nossa cidade, passando a ser na área central de Caruaru, inicialmente na Avenida Rui Barbosa e, depois, onde funciona até hoje o Pátio do Forró, ele me disse que com aquele processo de centralização, estavam acabando com o São João de Caruaru.

 

Discordei dele naquele momento, pois, como à época eu era apenas um adolescente, e como tal, achava que sabia de tudo. Eu imaginava que era exatamente o contrário do que ele dizia. Achava que nossas festas juninas estavam ganhando ares de grandes eventos e daí a se tornar um grande sucesso, reconhecido em todo o Brasil – era apenas um passo!

 

De certa maneira, eu e meu pai estávamos certos em nossas visões dos rumos que estavam tomando nossos festejos, apesar de divergirmos. Ele estava certo quando disse que, com a centralização, estavam acabando com o São João de Caruaru e isso aconteceu com as festas comunitárias, realizadas em todos os bairros e até mesmo na zona rural do nosso município. Aquele tipo de São João estava com os seus dias contados. A centralização do evento acabou com o São João nas ruas da cidade. As tradicionais palhoças e fogueiras e a cidade toda enfeitada, são hoje coisas do passado, infelizmente.

 

Mas eu também não estava de todo errado, pois, era necessário modernizar os festejos juninos, era necessário transformar o São João de Caruaru num grande evento comercial que pudesse atrair para o município grandes investimentos (públicos e privados), e isso alavancaria o turismo, atraindo visitantes que participariam da festa e gastariam seus recursos aqui na “Capital do Forró”, contribuindo com o crescimento econômico, não apenas de Caruaru, mas de toda região. 

 

O certo mesmo é que uma coisa não precisaria eliminar a outra. O forró tradicional  e o moderno, aí incluindo todos os demais ritmos musicais, poderiam conviver juntos e em harmonia, aliás, deveriam!

 

O forró pede socorro e acredito que não há fórmula mágica para resolver o problema. Mas, vou deixar aqui uma simples sugestão que poderá facilitar o convívio entre artistas verdadeiramente forrozeiros, que são a base das festas de São João em Caruaru e em toda região Nordeste, e os demais artistas, grandes nomes da música nacional, de todos os ritmos musicais. Acredito que incluir na grade da programação oficial, no palco principal, em todas as noites de festa, entre as grandes atrações nacionais, dos mais diversos gêneros musicais, uma atração, um artista ou banda de forró poderia ao menos ofertar ao público a possibilidade de ver, ouvir e dançar forró, em todas as noites de festa. 

 

Imaginem atrações nacionais que arrastam multidões em seus shows, a exemplo de: Wesley Safadão, Luan Santana, Ivete Sangalo, Bell Marques (ex-Chiclete com Banana); grandes duplas sertanejas, revelações do novo brega como Raphaela Santos e Priscila Senna. Estes, dividindo o palco com renomados artistas do forró como Flávio José, Jorge de Altinho, Elba Ramalho, Alcymar Monteiro, Petrúcio Amorim, Santana, Geraldinho Lins e tantos outros!

 

Tenho certeza que funcionaria muito bem, não apenas em Caruaru e em Campina Grande (que disputa conosco o título de “Maior e Melhor São João do Mundo), mas também em todos os municípios do Nordeste, onde são realizadas festas juninas.

 

Outra simples sugestão: o poder público (prefeitura municipal), responsável direto pela realização das festas juninas, deveria investir no forró não apenas no período junino, mas o ano todo. Bastava combinar com bares e restaurantes da cidade, que mantém música ao vivo, para que escolhessem, de comum acordo, um dia por semana em que todos teriam forró; seria o dia/noite do forró em Caruaru, um bom marketing para as empresas de publicidade e turismo divulgarem. O poder público poderia ficar responsável pelos cachês das bandas, artistas, trios pé-de-serra, e assim teríamos forró toda semana ao longo do ano, na Capital do Forró, com um investimento mínimo. Tenho certeza que o retorno seria garantido. 

 

Essa última sugestão ouvi, já faz algum tempo, de um amigo – um cabra da peste inteligente – o artista de Caruaru, Valdir Santos, músico, cantor, compositor e instrumentista.

 

Sinceramente, fico a imaginar o que diria o eterno mestre Luiz Gonzaga, principal difusor do forró, xote, xaxado e baião por todo o Brasil e, também, por muitos lugares do mundo, se vivo fosse e visse o descaso com o qual gestores públicos do Nordeste estão tratando o forró, principal ritmo musical das nossas festas juninas!

 

Se não atentarmos e cuidarmos com muito carinho do nosso forró agora, ele continuará pedindo socorro e poderá vir a sucumbir em Caruaru, Campina Grande e em toda região Nordeste do Brasil.

 

Portanto, viva e aproveite o São João, curtindo e valorizando nosso FORRÓ!

 

Por Adilson Lira*

*Adilson Lira é advogado e caruaruense da gema, nascido no bairro do Salgado

 




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