Apenas três cidades, todas localizadas na Região Metropolitana, conseguiram atender satisfatoriamente aos critérios avaliados pela pesquisa, sendo elas Abreu e Lima, Recife e Jaboatão dos Guararapes, que ocupam, respectivamente, as três primeiras posições do ranking pernambucano. Outras 20 estão em patamar considerado bom, já que obedecem as premissas básicas da pesquisa. Na lanterna da lista, estão territórios como Xexéu, Verdejante, Primavera, Timbaúba, Orocó, Tracunhaém, Igarassu, Carpina e Ilha de Itamaracá. O levantamento, elaborado pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), considera quatro eixos de classificação. No indicador de autonomia, que leva em conta a capacidade de financiar a estrutura administrativa pagando as próprias contas, 84 municípios pernambucanos receberam nota zero
"Pernambuco teve um índice mais baixo que o apanhado geral do restante do país, o que demonstra uma situação fiscal bastante preocupante, com falhas na administração das receitas e, consequentemente, um orçamento bem mais rígido. Esta dependência da transferência de recursos, sobretudo do Governo Federal, continua criando uma atmosfera de muitas incertezas na administração pública”, explica a economista Nayara Freire, responsável pelo estudo
Segundo a especialista em estudos da Firjan, a aprovação da reforma tributária, e os ajustes nas regras no Fundo de Participação dos Municípios (FPM) são instrumentos que podem colaborar para a transformação do cenário deficitário. “A distribuição de mais receita não é o caminho principal para a solução do problema, mas apenas um atalho para um alívio de curto prazo. Se faz necessária uma discussão mais ampla da organização administrativa brasileira, incluindo também punições para os maus gestores”, complementa
A presidente da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), Márcia Conrado, que também é prefeita de Serra Talhada, no Sertão, afirma que é necessário um realinhamento para a melhora no caixa dos municípios, o que impactaria em resultados positivos em todos os aspectos. Para ela, a pesquisa reforça a importância das bandeiras já defendidas pela entidade. “A demora no repasse de verbas federais, assim como as reduções drásticas que sofremos atrapalham, consideravelmente, a saúde financeira das cidades. Fomos a Brasília, batemos à porta do Palácio e mostramos esta realidade. É na cidade que a vida acontece e onde estão as áreas mais vulneráveis. Porém, são elas que recebem menos dinheiro, inviabilizando a execução de serviços de mais qualidade", afirmou
Segundo a gestora, 53% do ICMS estadual fica concentrado em apenas cinco municípios. "Todos os outros carecem desta redistribuição, alguns não conseguem outra fonte de recursos e sentem o peso de honrar seus compromissos. Hoje mais de 60% permanecem no vermelho", complementa. Ainda de acordo com o Índice Firjan, O Recife aparece em 6º lugar no ranking de melhor gestão entre todas as capitais do Brasil. A posição representa um salto de nove posições no comparativo com 2021, quando figurava em 15º