A tensão entre o PT e a deputada federal Marília Arraes (PT) voltou a
crescer nesta semana. O posicionamento da pernambucana sobre o PL
948/21, que flexibiliza regras para compras de vacinas contra a Covid-19
por empresas privadas gerou muitas críticas. Marília foi uma das duas
únicas parlamentares (e a única de Pernambuco) a se abster na votação da
terça-feira (6). O outro deputado da sigla na Câmara, Carlos Veras,
votou contra o projeto, aprovado após obter 317 votos a favor e 120
contra
Ainda na noite da terça, Marília publicou vídeo nas redes sociais
em que justifica a abstenção. Ela disse "não ter opinião formada sobre o
tema, mas ventila a possibilidade de empresas e associações, como
sindicatos, adquirirem doses". A postagem recebeu muitos comentários
contrários, e a deputada apagou o vídeo na manhã desta quarta-feira (7).
Marília
ainda divulgou nota oficial sobre o assunto hoje. Ela afirmou ter
cometido um erro de avaliação. “A responsabilidade que carrego é muito
grande. E é por isso que fiz questão de vir a público deixar claro que
em nenhum momento fui contrária à valorização, autonomia e
fortalecimento do SUS, um sistema que eu sempre defendi e sempre
defenderei”, declarou.
Entretanto, a atitude de
Marília não passou batida pelo diretório do PT no Recife. O presidente
da sigla na capital pernambucana, Cirilo Mota, também publicou nota
oficial em que repudia o posicionamento da deputada federal. O texto diz
ter recebido "com indignação" o voto de Marília e diz que o ato é
"favorável à bancada bolsonarista".
Esta não é a
primeira vez que Marília Arraes adota uma postura diferente da
orientação geral do PT. O comportamento independente da deputada federal
constantemente tem criado rusgas entre ela e os outros
correligionários. Por outro lado, Marília já se viu preterida pelo
partido em algumas oportunidades e há rumores de que ela trocará de
sigla no futuro.
Em 2018, nas últimas eleições
para governador de Pernambuco, Marília, então vereadora, era
pré-candidata ao Palácio do Campo das Princesas, mas o diretório do PT
no Estado decidiu retirar a candidatura dela para garantir a
neutralidade do PSB na disputa para presidente. O PT optou por apoiar a
reeleição do governador Paulo Câmara (PSB) e Marília acabou se
candidatando à uma vaga na Câmara, sendo eleita com 193.108 votos, a
segunda deputada federal mais votada de Pernambuco, atrás do primo João
Campos (PSB).
Dois anos depois, nas eleições
para prefeito do Recife, Marília foi derrotada por João Campos após uma
dura campanha. A candidatura de Marília, que enfrentou resistência em
alguns setores do PT no estado, não foi bem recebida pelo PSB. A troca
de farpas chegou ao ponto até de João declarar, em certo momento, que a
sua gestão não teria integrantes do PT. A tensão culminou no desembarque
do PT do governo de Pernambuco.
Já em
fevereiro deste ano, durante a eleição para a Mesa Diretora da Câmara,
Marília foi eleita segunda-secretária da casa após concorrer de forma
avulsa, já que o PT havia indicado o deputado João Daniel (PT-SE).
Marília derrotou o colega no segundo turno. A candidatura dela gerou
insatisfação dentro do PT. Um mês depois, a Executiva Nacional do PT
abriu um processo na Comissão de Ética da sigla contra a deputada